segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Estréia Pó






A experiência da temporada foi intensa e o público caloroso e receptivo. Entre os comentários recebidos da platéia, se destacam os que descrevem a montagem como visual, auditiva, poética, tocante, viva. Além de citarem a atualidade dos conteúdos sobre solidão, cotidiano e cultura regional.
No privilegiado espaço da Oficina Geppetto, o encontro entre platéia e cena cria uma dimensão íntima e de proximidade. Além do teatro, o cheirinho bom de pizzas crocantes feitas no forno à lenha completou o programa do sábado à noite.

Todos os cliques foram da "fotógrafa oficial Pó" Layza Vasconcelos.

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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Objetos...



Sobre os objetos

Na montagem, a encenação e a trilha sonora, criam um universo cotidiano e abstrato, sagrado e profano, aliados a uma iconografia mágica e cerimonial dos objetos de cena.



Na cenografia, é possível perceber cores de terra e encardidos. Os objetos são bens corroídos pelo tempo, desgastados, mas carregados de sentido para conduzir o trecho de vida desta mulher. O palco é preenchido por uma lona e adereços escolhidos para atuarem junto com a atriz nesta odisséia intimista.



Há uma caveira de boi no cenário. Ela foi influenciada pelo fato de ser comum encontrar no mundo rural, fincada numa estaca, uma caveira de boi, acreditam que a relíquia defende contra pragas, intempéries e mau agouro. A tradição remonta às origens do culto do touro, entre gregos e romanos, que chegou a Portugal e sofreu influência cristã. É também de origem africana. É a noção de sacrifício do animal como oferenda para benefícios. Há também uma cruz ingênua, naif. É um costume antigo firmar uma cruz nos pontos das estradas em que ocorreu algum fato misterioso. Os transeuntes fazem genuflexão, um beijo, uma reza.


terça-feira, 9 de setembro de 2008

Pó é a jornada de Ana, uma mulher que organiza uma trilha de atividades do ritual cotidiano, mas deixa escapar pelas frestas, restos de desejos, frustrações veladas, migalhas silenciosas de fantasias. Ela percorre um itinerário, um fio esgarçado de dias subseqüentes, num acúmulo de sobrevivência. Cria labirintos formados por pequenos movimentos com os objetos de cena que são fragmentos do mundo e interlocutores da personagem. Delicadas tramas de significados singelos. Leveza, louvor, lirismo e zelo da vida diária.
Quem assina a concepção da dramaturgia e atua é Rosi Martins, que também fez os figurinos e o cenário, foi uma das integrantes do Teatro Camaleão, trabalha com criações teatrais desde 1989 e atualmente se dedica a Cia. Trapaça e faz mestrado em Cultura Visual na UFG. A direção é de Éber Inácio, diretor carioca que veio participar da montagem a convite da Cia. Trapaça. Éber é ator, diretor, dramaturgo e participa do elenco da Ong “Doutores da Alegria do Rio de Janeiro”. A trilha sonora inédita da peça, composta para flauta, clarineta, violoncelo, pedras e fava de flamboyant, é de Estércio Marquez Cunha, maestro e compositor contemporâneo. Iluminação e sonoplastia de Israel Neto.

Sobre uma dramaturgia escavada na memória

Os inícios de Pó foi um álbum de pedaços. Na encruzilhada da criadora e criatura, tomou forma a odisséia de uma mulher comum. Pensei em minhas bisavós, avós. Fundi o autobiográfico ao cotidiano. Delineou a escritura corporal e cultural de Ana, uma mulher do cerrado, que pode ser de qualquer lugar ou tempo. Apareceu um rascunho de condição humana, acima da questão feminina. Nos alicerces, surgiu o jardim secreto da personagem, um pequeno bosque de objetos. O texto entrou por último, formando manchas, borrões, ilhas. Pó é uma sinfonia composta de cacos, um quebra-cabeça com peças que pode ser abordado por vários lados.

A peça é resultado de uma dramaturgia atorial (de ator). Partiu de uma vontade de dar resposta a um tipo de roteiro que atendesse a necessidade dessa montagem. Essa é uma possibilidade de concepção cênica com ritmos, tempos, imagens, gestos que aproxima a relação do ator com a poética teatral.
O teatro contemporâneo tem buscado a dramaturgia autoreferencial - quando o ator emprega a própria vida e lembranças como material e a pessoa como personagem. Essa é uma maneira de pensar a escrita mais próxima da encenação. Em Pó, a personagem e a artista atuante, residem juntas, convivem num mesmo território de realidade e ficção.

A montagem foi apoiada pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Goiânia.
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Pó dia 13 de setembro, sábado






“Pó” com a Cia. Trapaça
13 de setembro, sábado

Oficina Cultural Geppetto
Rua 1013 nº467 Setor Pedro Ludovico

R$ 20,00 Inclui pizzas, refrigerantes e sucos
Serviço inicia às 20 horas, apresentação 21:30

Informações: 3255-8547/ 9646-1474
ciatrapaca@yahoo.com.br

Indicação etária: 12 anos

Mapa aqui:

http://maps.google.com.br/maps/ms?f=q&hl=pt-BR&geocode=&num=10&ie=UTF8&msa=0&msid=108667109243176210916.00045662577f0a14114cc&ll=-16.705465,-49.247203&spn=0.009146,0.013647&z=16&lci=lmc:panoramio
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